quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Sexta Feira

Tive boas e ruins
amargas e mal cuidadas
respeitosas e lavadas
foi o dia da esperança
foi o dia da lembrança

Tive medos e receios
encontros nos entremeios
preocupações exacerbadas
ansiedades destemperadas
foi o dia do trabalho
foi o dia do anseio

Tive encontros e devaneios
coração desesperado
amargo e contrariado
foi amor o dia inteiro
mas não era amor, era receio

Tive amores e celebrações
quebrei vasos e corações
reconstruí o que consegui
foi o dia da revolta
foi o dia da reviravolta

Tenho certezas e visões
de um dia cheio de realizações
um dia que parece uma manhã inteira
é uma verdade contemplativa
é uma intensa sexta feira

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015


Vou Sair, Vou Pescar.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Capitulo 3

Sonhos, sonhos, até onde vão os sonhos?
Sonhos são armas desalmadas, que roubam seu tempo e sua vida até sua concretização.
Sonhos doem, sonhos machucam.
Sonhos agridem, sonhos sangram.

Ele seguia, sentado em seu escritório, pensava na vida, nas atitudes que havia tomado, na raiva que de tempos em tempos, ainda sentia, no sonho que, semi-realizado, ainda incomodava.
Levantava-se e sentava-se novamente, andava de um lado para o outro.
Sua vida havia se resumido em um apartamento na vila madalena, filmes, livros, e musicas, muita música.

As ideologias diferentes ainda incomodavam as vezes, as diferenças seriam diferentes para sempre.
As vezes achava que não sabia o que fazer, mas no fundo, sabia, e sabia muito bem, mas brigava com seu orgulho para que o que sabia se tornasse concreto.

Para onde iria tudo isso, ele mesmo determinaria.
Pararia de pedir opiniões diversas e de fazer consultas sobre os assuntos, afinal grande parte da sustentação vinha dele.
As opiniões seriam palavras soltas ao vento, sem possibilidade de busca.

A raiva incomodava, mas incomodava mais ainda o cansaço presente, que aos 32 anos, era muito diferente dos 25.
Sentia fé, sentia calor, frio e esperança ao mesmo tempo.
Estava em outro patamar, uma nova fase, mas que ainda tinha seus altos e bem poucos baixos.
Mas a alma ainda chorava, pouco, molhava os olhos, e moldava a alma e o que estaria por vir, mas a questão que se perguntava sempre era, estaria certo?

Não sabia, e provavelmente só saberia quando deixasse esse mundo.
Levantava de seu escritório e seguia para o mercado, para comprar mais esperança e sustentação para a situação.

Continua.


sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Capítulo 2.

Os resquícios daqueles momentos amargurados haviam desvanecido por completo.
A dor não se deteve naquilo, dificuldades intrínsecas e forasteiras adicionando um novo sabor à vida, que deixariam marcas para sempre.

Já não estava sozinho, dividia uma vida.
E quando dividia uma, quase dividiu a terceira, mas por uma infelicidade do destino, essa ficou pra trás, e doeu. Doeu como nunca imaginara que pudesse doer, sofreu como nunca imaginara que pudesse sofrer, chorou como nunca imaginara que pudesse chorar, não só ele.
Ele e ela, mas viveu, seguiu, viveram, seguiram.

Nunca uma dificuldade o fez parar.
Elas surgiam, pareciam maiores do que verdadeiramente eram, apertavam, subsidiavam a dor e o aperto no estômago, o nó na garganta, companheiros de longa data em uma história que não foi datada.
A vitória parecia ter viajado por uma highway daquelas dos filmes dos anos 60 e 70, a vida parecia mesmo um filme, as vezes comédia, as vezes terror, as vezes aventura, e as vezes amor.
Sua guitarra continuava firme, suas mãos é que tremiam, de ansiedade e avidez por um lugar que nunca tinha estado, mas sentia uma saudade intensa e imensa.
O ano se resumiu em uma perda, se forçou em uma labareda de fogo de amor, que quase apagou, mas ressurgiu e durou, durou mais do que se esperava, em todos os sentidos.

O sonho foi ficou um pouco de lado, um pouco quadrado, um pouco desesperado. Mas o coração ainda ardia forte, e a ânsia de fazer a terra das maravilhas pitorescas da música seca, seguia firme.
Aquele dia parecia um ano todo, e a realidade parecia um sonho estranho, até hoje não se sabe qual a realidade e qual a parte "sonhada", mas sabe-se que ele ressurgiu, assoprou as velas do aniversário de sua dor, passou por cima do carnaval como em todos os anos, e resgatou a força que tinha escondido no lado mais obscuro e fundo da alma.

O humor ácido sumiu, uma luz surgiu e trouxe fé, esperança e realização.
A falta de sono não o abalou, pois o sono faltou, mas construiu a vida, e foi o início de algo mágico.
Seguiu com a vida, o trabalho, o trabalho, o trabalho,  o trabalho.
A realização, a realização, a realização, a realização.

Depois de 2 meses, que pareceram 2 anos, tomou café, e se sentiu disposto de novo, reprimiu os fantasmas do passado e seguiu confiante no que já foi realizado.
Não sentia falta dos mesmos, mas da inspiração forçada que eles traziam para o dia a dia, e percebeu que na dor, as palavras fluíam, e quando estava tudo muito bem, as palavras sumiam.
Precisava trazê-las de volta, precisava mantê-las ao seu redor.

Foi quando percebeu, que não bastaria escrever sobre sua vida apenas, devia buscar mais, investir mais, dar vida aos personagens que compartilhara muitas situações e transações intelectuais.
Havia acontecido o que acontece à quase todos, a luta dera espaço ao conforto. Precisava sair de uma zona de conforto que acabara de entrar, para traze-las de volta.

Não importava mais.
Tudo ficou pra trás.
Se diziam não ser possível ser feliz e bom, o céu mudaria de tom, e de cor, e de céu, e de luz.
Como escrever sobre coisas boas e bonitas, esmiuçar o amor e as margaridas?
Os 2 meses-anos que se passaram, foram raros.
O segredo descoberto ficou barato.
A facilidade para a realização foi o novo aparato.
E o sol brilhou dando um novo amparo, à vida.
O melhor ano de sua vida.

O relógio continuava o ameaçando, mas agora de uma forma diferente, mais amena, mais contundente, mais razoável, mais sincera.
O que é importante destacar, é que nada mudou no mundo, o que mudou foi sua própria mente.
Estava altivo, diferente, sua casa ainda é a mesma, sua parceira, a mesma, sua família, projetos, gostos, desejos, os mesmos, seus sonhos, os mesmos, mas diferentes, mais reais, acontecendo pelos finais, atrás da diferença da realidade versus ilusão.

O interessante é que quando se revisita as poesias da dor, elas não vem com a dor em si, mas apenas com a carga artística da dor, pleiteando por um lugar que não é dela.

Havia mais responsabilidades, e mais por vir, mas a capacidade de auto-regeneração física, mental, espiritual e musical, havia seguido para um novo patamar, um patamar de realização plena, nunca visto no plano de vivência habitual.
As evidências dos crimes contra sua própria personalidade e história, deram lugar ao perdão intenso e praticado diariamente, assim como a vivência dos sonhos ilimitados.

Havia seguido, e muito antes do capítulo 3 ou 7, já estava onde queria e como queria.
Mas sabia, no fundo de sua alma, que ainda havia muito a ser feito.

Continua.






segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Capítulo 1.

Ele continuava sua vida.
Ainda na cama, seu corpo doía. Sua história implantava novos desejos de velhas esperanças.
Sua vida havia mudado, não como havia planejado, as lições que teve que aprender não foram as mesmas, para as quais ele se preparou.
Sentia como se restasse um único fio de esperança, tão fino e tão frágil quanto um fio de seda.
Aquela esperança de menino se transformou, sem sentido. Seus sonhos pareciam tão próximos e tão distantes ao mesmo tempo, seu desabafo era a escrita, o papel e o computador eram seus melhores amigos, nos piores momentos.
Seu final de semana havia incluído um filme sobre seu sonho, amigos e cerveja, sua segunda feira começava, tristonho, sentindo falta de abrigo e de certezas.

De qualquer forma, tinha que levantar da cama, encarar a realidade e as audácias da verdade, tinha que seguir em frente.
Não tomou café, como de costume, a pizza e a cerveja da noite anterior não lhe caíram bem, tinha 30 anos, e já alguns problemas de estômago que deveriam ser controlados, então seguiu para os afazeres da casa, encarou algumas situações difíceis, tomou seu banho, pegou seu carro e seguiu para o trabalho.

Depois de escrever alguns pensamentos e desabafar no seu blog, organizou sua rotina, sua semana e seguiu.
Sua luta pelos seus sonhos era intensa e febril, por vezes. Seu intento em vencer a todo custo (dentro dos parâmetros de honestidade e moral que acreditava), e não desistiria disso, sabia que ainda havia muito a ser feito, e decidiu não se abalar e continuar o que deveria ser feito.

Alguns problemas parecem engraçados, pois começam de forma avassaladora e quando as pessoas olham realmente para o que estão enfrentando, veêm que o bicho-papão que lhes assombrava, era apenas um grilo falante com sua sombra projetada na zona além da imaginação. Sua semelhança com o monstro do armário da infância é tão grande, que por alguns momentos, a criança dentro de cada um aparece e sente mais medo do que realmente seria cabível.

Ele tinha medo. Tinha uma série de medos e dúvidas, tentava suprimir todas elas pela fé, pelo otimisto e pelo tão falado e desvendado "segredo". As coisas funcionavam, e estavam bem há alguns anos, mas no primeiro tombo, o joelho da alma ralado, dói muito, quando se fica muito tempo sem sentir dor.
Nunca gostou da dor, qual ser-humano na face da terra que gosta? Mas havia feito um pacto com ela, que iria acolhe-la quando ela aparecesse, e que ia dobra-la, engana-la, desviar dela, mesmo sabendo que corria um risco e que podia não dar certo.

Teve uma infância feliz, descobriu a música muito cedo, por volta de 6, 7 anos de idade, quando ainda formava sua personalidade, e se encantou, viu um mundo novo e cheio de mágica, o qual queria fazer parte, custasse o que custasse, desde então, esse sonho, esse pensamento nunca mais saiu de sua cabeça, 23 anos haviam se passado e o sentimento ainda era o mesmo, o que não o deixava desistir.

Quando um sonho acomete a cabeça de uma pessoa, ela é vista como doida, insana, estúpida, desequilibrada e infantil, mas ao mesmo tempo, essas mesmas pessoas que a julgam e classificam assim, percebem e invejam um brilho no olhar, uma determinação inviolada, um desejo ardente de se conquistar algo, e isso incomoda.

Não que ele nunca tenha pensado em desistir, muito pelo contrário, muitas vezes esse pensamento invadiu sua alma e tirou sua calma, fazendo o coração chorar, cheio de dor, por saber que não resistia, e não desistia. Todos esses momentos nunca passaram de algumas horas.

Havia vivido uma adolescência de extremos.

Continua.















Aprisionado

Aprisionado.
dentro de uma realidade subversiva, demolida, destronada.
Acorrentado.
a um momento intenso de fé traída, de quase mentira
Escurraçado.
de uma vida estranha, muito perto da entranha
Amordaçado.
à raiva, ao impulso nervoso, ao certo duvidoso
Amontoado.
em cima dos meus próprios pecados, de meus destroços
Encurralado.
dentro de um túnel com quase luz e com quase saída
Transtornado.
por situações de esperança falsa e de luz mansa


Determinado.
a conquistar o proposto, não importando o esforço
Fadado...
ao sucesso.

Humildade x Humilhação


a humildade abraça
a humilhação arrasta
a humildade é quente
a humilhação é fria
a humilhação destrói
a humildade guia
a humildade acerta
a humilhação aperta
a humildade constroe
a humilhação corroe
a humildade é vasta
a humilhação mata

de pouco a pouco, cada dia mais um pouco
as feridas vão aumentando, até o paciente ficar louco,
louco de dor, a dor que vem do amor, o paraiso que vem do inferno,
o soldado raso, o menino interno,

a verdade dividida
as meias verdades
as meias saídas

a humildade nasce por princípio
a humilhação acarreta o suicídio
o suicídio da alma, da vontade

a humildade funciona
a humilhação aprisiona
a humildade é justa
a humilhação injusta
a humildade é calma
a humilhação mata a alma
a humildade é segura
a humilhação, só amargura

quanto mais humildade, melhor a vida,
quanto mais humilhação, maior a ferida, 

que cresce a cada dia, de um lado e do outro,
e que se não for cuidada, leva pro mal, leva pro esgoto:
tudo que foi construído, tudo que foi dividido.